JULIA STUDART
( Ceará – Brasil )
(Fortaleza, 1979) publicou Wittgenstein e Will Eisner – se numa cidade suas formas de vida (Lumme Editgor, 20060, Livro segreo e infâmia (Editora da Casa, SC, 2007) e Marcoaurélio!, plaqueta com a artista Milena Travassos (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, CE, 2006).
É co-autora do documentário Só tenho um norte:, sobre Cleber Teixeira e a editor Noa Noa.
É aluna do Programa de Pós-graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, com pesquisa de doutorado a partir das linhas narrativas de Gonçalo M. Tavares.
Na internet, pode encontrada em Germina Literatura.
POETAS DE HOJE EM DIA(NTE). Org. Priscila Lopes e Aline Gallina. Florianópolis: Letras Conntemporâneas, 2009. 157 p. Ex. bib. Antonio Miranda
Marcoaurélio!
um
Tocar o precário
Bulir o meu cadáver
E desnudar,
atogymnoún,
desnudar as coisas como
quando se de cima bem do alto
olhar para baixo
de muito alto, kathorán
Eu disse: kathorán
Arrancar das coisas as aparências
de que mais se orgulham
Remover os ornamentos
inteiros
Enquanto carne, o que sou?.
um estóico me diz
Sou de lama
sou de sangue
de osso
de nervo
de veia
de artéria
Sopro
Apenas
um
sopro
dois
O problema talvez consista
em descer quando descer
de que maneira descer
Girar o corpo,
não girar o corpo assim tão rápido
Impulsionar o corpo inteiro
Desabar e medo
Um estado de náusea
pode atingir tão mais cruel que a dor,
ele disse
Depois, um estado de ânsia,
vertigem
E desabar em medo
Como em medo
Como se impor o imediato limite,
o horror
três
Mas o problema talvez esteja exato
no momento da descida
Ou o instante preciso
Mesmo se ainda insiste,
esta força
de sucção
que impõe desaparecer o corpo,
engarrafar o corpo?
Esta sucção violenta
Ploft
ao Evandro, amigo
I.
Ela saiu do divã
particularmente
cansada:
São todos uns loucos
e eu não seria menos
extravagante,
ela disse
apenas gosto
(e finjo que me satisfaço
com o que sobra,
o resto)
mas gosto é do estalejar delas
jabuticabas
no céu da boca
ploft
2.
Eu costumo dormir
enquanto você fala
excessivo
recuperar o fôlego
e ploft
prefiro o som delas
jabuticabas
no céu da boca
ficar acordada
enquanto ploft ploft ploft
arrebentar
para
dentro
3.
Você nunca me enganou
com essa conversa frouxa
ploft
com essa fala mansa
e consumada
(Freud também era bom
em preencher os vazios
com associações)
e daí?
Depois,
pus vasos
de orquídeas
no meio do vazio
e roubei uns pedaços
do que vocês escreve
o que me diz?
4.
Recuperar o fôlego,
outra vez
e ploft
ploft
5
Não se faça de tolo,
doutor,
a loucura,
é essa coisa do mundo
*
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Página publicada em agosto de 2022
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